Candidatos a prefeito de Campinas apresentaram suas propostas na sabatina

Candidatos a prefeito de Campinas apresentaram suas propostas na sabatina

A Apropucc em parceria com o Sinpro Campinas e a PUC-Campinas promoveu no dia 20 de setembro um debate eleitoral com os candidatos a prefeito de Campinas. Oito dos nove candidatos participaram do encontro que reuniu mais de 500 pessoas, entre estudantes, professores, funcionários da Universidade, público externo e jornalistas que ouviram atentos os argumentos dos prefeituráveis.

Compareceram os prefeituráveis: Artur Casseb Orsi (Partido Social Democrático – PSD), Edson Dorta Silva (Partido da Causa Operária – PCO), Jacó Ramos (Partido Humanista da Solidariedade – PHS), Jonas Donizette Ferreira (Partido Socialista Brasileiro – PSB), Marcela Dias Moreira (Partido Socialismo e Liberdade – PSOL), Márcio Pochmann (Partido dos Trabalhadores – PT), Marcos Margarido (Partido Socialista dos Trabalhadores Unificados- PSTU) e Surya Guimaraens Silva (Partido Rede Sustentabilidade – REDE). O único candidato que não compareceu foi o ex-prefeito Hélio de Oliveira Santos (Partido Democrático Trabalhista – PDT).

Cada candidato respondeu a perguntas elaboradas por docentes, estudantes e funcionários da Universidade sobre Educação, Macroeconomia, Segurança Pública, Responsabilidade Ambiental, Saúde Pública e Urbanismo.

A intenção do encontro foi incentivar os estudantes a acompanhar a vida política da cidade e compreender e discutir os programas de gestão desses candidatos.

No primeiro bloco da disputa municipal os candidatos responderam questões sorteadas sobre Desenvolvimento Urbano (incluindo temas como plano diretor, urbanismo, moradia popular, empreendimentos imobiliários, gestão de resíduos urbanos, transporte, preservação do patrimônio público, entre outros). No segundo bloco o assunto foi Desenvolvimento Econômico (orçamento, geração de emprego, empreendedorismo, responsabilidade fiscal, tributos e funcionalismo). No terceiro bloco eles responderam sobre Desenvolvimento Social (educação, saúde, políticas de combate à vulnerabilidade social, sustentabilidade socioambiental, uso abusivo de substâncias psicoativas, segurança, cultura e outros), enquanto que no quarto bloco as questões foram de temas gerais.

Prefeituráveis expuseram suas ideias

Perguntado sobre o déficit habitacional em meio a possível restrição de recursos federais para o programa Minha Casa Minha Vida, o prefeito Jonas Donizette Ferreira (PSB) respondeu que em três anos e oito meses de mandato entregou 6 mil moradias, regularizou 500 hectares e que fez pela área o que não foi feito em 10 anos na cidade. Prometeu ainda entregar 10 mil títulos de posse até o final do ano. “Nós vamos continuar nesse binômio que é a entrega de moradias e a regularização fundiária. Justamente pela observação que foi feita da questão financeira grave que o Brasil passa, nós mandamos um projeto que foi aprovado pela Câmara Municipal de lotes urbanizados pra facilitar o acesso das pessoas à terra já com infraestrutura por um custo menor em que elas possam fazer uma autoconstrução. É uma das áreas que nós reconhecemos que ainda tem desafios pela frente, mas o nosso governo tem resultados nesse tempo para mostrar à população”, revelou.

Em relação ao transporte público, Marcela Dias Moreira (PSOL) disse que é possível garantir tarifa de ônibus a R$ 1 desde que se enfrente os empresários de ônibus e se mude o caráter do transporte, que segundo ela, é encarado como mercadoria ao invés de ser considerado um direito. “É importante que se diga também que é possível porque eu vou mudar a forma de pagamento. Hoje você paga por usuário e não trajeto. E quem usa transporte sabe muito bem a volta que o ônibus dá para atender aos interesses dos empresários. Eu vou fazer por percurso e vai ser um caminho inteligente”, explicou. Disse ainda que os ônibus de Campinas não pararam por falta de combustível, mas porque a prefeitura não fiscaliza e só atende aos interesses dos empresários. A candidata também prometeu fazer uma auditoria nas contas do transporte público.

Artur Casseb Orsi (PSD) declarou que o transporte público é um dos maiores problemas, primeiro porque os projetos – corredores de ônibus do Ouro Verde e do Campo Grande e a Perimetral da Vila Teixeira ao Campos Elíseos, para o BRT – não saíram até hoje do papel por burocracia e falta de preparo.  “Campinas sofre com a má qualidade do transporte, nós temos a média de idade de ônibus uma das piores das metrópoles com mais de 500 mil habitantes, a tarifa de ônibus mais cara do país, tiraram os cobradores das linhas de ônibus que piorou muito a qualidade tendo em vista que o cobrador não só cobrava, mas também auxiliava o motorista do percurso, principalmente com os idosos e os deficientes e pela primeira vez na história de Campinas nós verificamos ônibus que saíram da garagem e pararam por falta de combustível. Mais de 500 ônibus, só neste ano, pararam por falta de combustível. Eu vou exigir o cumprimento do contrato e comigo não vai ter acordo entre os concessionários e os empresários de transporte porque nós vamos cobrar e aplicar multas”, garantiu.

Marcos Margarido (PSTU) foi questionado sobre a política de resíduos sólidos urbanos e disse que é difícil ter um plano onde a população vive em ocupações sem saneamento básico, acumulando lixo nas ruas e utilizando torneira coletiva. “Claro que para essa população pouco importa a política de resíduos públicos urbanos porque, primeiramente, eles precisam de casa para morar e precisam que a prefeitura organize essas ocupações e retire os lixos que se acumulam não por culpa deles, mas porque simplesmente eles não têm como se livrar desse lixo. A partir daí podemos pensar na política de resíduos, mas primeiramente é necessário que a prefeitura legalize essas ocupações porque essas famílias precisam de casa pra viver, uma condição adequada para trabalhar e que o local não seja disseminador de doença para seus filhos poderem crescer sadios”, afirmou.

Questionada sobre o Orçamento municipal e o cumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal, Surya Guimaraens Silva (REDE) prometeu que a discussão do Orçamento será participativa e que haverá transparência nos  processos. “A melhor forma de termos uma cidade mais justa e mais humana é com as pessoas participando disso. Então, por isso, eu sempre falo que vamos governar junto com a população e vamos buscar a diminuição da desigualdade social. Precisamos decidir juntos cada parte do orçamento  e o que nós vamos priorizar da melhor forma possível para todos”, falou.

Jacó Ramos (PHS) alegou que o atual governo municipal criou apenas 700 vagas de empregos para jovens e adultos nos quase quatro anos de gestão e criticou a burocracia para conseguir um alvará. “Esse é um problema muito grave e agora nessa época de crise de desemprego todos os candidatos falam que vão dar emprego pra todo mundo. O emprego é uma coisa que tem que ser planejada e quando você entra no seu primeiro mês de mandato tem que correr atrás de empresas para trazer serviços para Campinas, mas nenhuma empresa quer vir porque o ISS é caro, então eles vão para as cidades vizinhas. Na minha gestão, eu como empresário e gestor, vou buscar empresa para a cidade”, anunciou.

Indagado sobre seu projeto para fortalecer as incubadoras e as aceleradoras na cidade, Márcio Pochmann (PT) afirmou que o empreendedorismo seja ele individual ou coletivo requer na verdade esforço da parte da prefeitura em constituir uma rede que propicie condições de crédito e ao mesmo tempo a garantia da compra do que é produzido para fortalecer os pequenos e micros empreendedores, de forma a privilegiar o desenvolvimento das regiões distantes. “O nosso objetivo é a criação do ‘Campinas Confia’ que será um banco que conectará os outros Bancos do Povo cujo objetivo é financiar o pequeno empreendedor. E as incubadoras são parte importante do ponto de vista da construção de uma pedagogia de formação adequada para viabilizar o pequeno negócio”, justificou.

Edson Dorta Silva (PCO) acredita que devido à nossa atual conjuntura político-econômica o desemprego vai aumentar. Ele denunciou que o governo federal irá gerar mais desemprego porque está planejando um grande programa de privatização para entregar ao capital estrangeiro todas as empresas e instituições públicas, tais como: Petrobras, Eletrobrás, Correios e Telégrafos e as Universidades Públicas. “Para aumentar o emprego precisa diminuir a jornada de trabalho sem redução de salário, mas o governo golpista está propondo aumentar para 12 horas a jornada de trabalho por dia e 80 horas semanal, é a volta da escravidão. Por isso, nós temos que lutar contra o golpe e esquecer essas promessas de que o candidato vai dar emprego pra jovem”, contestou.

No terceiro bloco houve uma solicitação de direito de resposta do candidato Jonas em função de uma manifestação da candidata marcela Moreira que foi avaliada pela assessoria jurídica da PUC-Campinas que acompanhava a sabatina. O recurso foi acatado e o candidato teve um minuto para falar sobre transporte e transparência nas contas públicas.

Candidatos reforçaram que as mudanças estão nas mãos de todos os cidadãos

Ao final cada candidato teve a oportunidade de fazer as considerações finais. Eles parabenizaram a iniciativa dos organizadores do evento e destacaram que o processo eleitoral é o momento de escolher os políticos que estão atentos aos anseios do povo e às demandas da cidade.

O fato é que a descrença de parte da população nos políticos do país somada à conjuntura adversa e aos grandes escândalos de corrupção reforçam a necessidade de fazermos de 2016 um ano de mudança e maior conscientização no momento do voto.

O evento cumpriu com sucesso seu objetivo de garantir espaço para os candidatos apresentarem suas ideias e propostas de gestão para os próximos quatro anos, além de estimular a consciência crítica e o voto cidadão.

A iniciativa da Apropucc demonstra que a entidade vem acertando no seu papel democrático de incentivar o debate e reflexão sobre as questões que interferem no cotidiano da sociedade e contribuem para o processo de formação dos estudantes da Universidade.

A sabatina foi mediada pelo economista e professor da Faculdade de Ciências Econômicas da PUC-Campinas, Roberto Brito de Carvalho.

A PUC-Campinas disponibilizou a íntegra dessa sabatina no Youtube da TV PUC Campinas. Acesse em https://www.youtube.com/watch?v=v8IZwKpIXCE.

Fotos: Fabiana Ribeiro

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