Aula Pública discutiu as contribuições da juventude e seu papel na sociedade

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Arnaldo Lemos Filho, Silvana Suaiden e Augusto Petta abrem discussão sobre papel da juventude

A Aula Pública “O Papel da Juventude na Conjuntura Nacional” ministrada pelo professor da PUC-Campinas, sociólogo e escritor, Arnaldo Lemos Filho e o coordenador técnico do CES (Centro Nacional de Estudos Sindicais e do Trabalho), sociólogo, professor, ex-presidente da Contee e do Sinpro Campinas, Augusto Petta, pode ser assistida no nosso canal no Youtube (TV Apropucc). A atividade acontece no dia 12 de setembro no Campus I da PUC-Campinas.

O encontro foi aberto pela vice-presidente da Apropucc e diretora do Sinpro Campinas, Silvana Suiaden, que destacou a importância de resgatarmos a organização estudantil dentro da PUC-Campinas, bem como, (re)ocupar os espaços institucionais de poder, como Consun (Conselho Universitário) para fortalecer a luta em defesa dos direitos.

Em relação às perspectivas para a juventude, Silvana reafirmou o papel da entidade de ser parceira do movimento estudantil apoiando e participando de atividades e também contribuindo com reflexões a partir do cenário da conjuntura atual. Cenário que nos remete ao mesmo tempo para um histórico de desmobilização do movimento estudantil, como também para um momento de intensa criminalização do movimento explicou a dirigente. “E nós vimos isso [criminalização] e estamos vendo em diversos momentos do país: no ano passado, neste ano e até mesmo aqui na nossa Universidade”, explicou a vice-presidente.

Uma aula sobre a sociedade e suas contradições

O professor e sociólogo Arnaldo Lemos Filho iniciou sua fala descrevendo o processo de formação da sociedade e como se dão as relações de controle dos grupos dominantes, bem como, a correlação de forças na luta de classes. Explicou ainda que sua análise partiria do ponto de vista sociológico da sociedade.

Segundo ele, neste caso há duas formas de ver a sociedade: uma como fotografia e outra como imagem. A primeira é uma espécie de recorte no tempo e procura aprofundar a realidade num determinado momento, já na outra forma é possível mostrar a realidade dentro de um processo. “A fotografia é estática e o filme é dinâmico. Eu não posso entender a realidade hoje se eu não entender como as coisas vieram a ser como são. Você tem que entender a realidade através de um processo”, explicou o professor.

Ele afirmou também que a realidade é construída de contradições, onde estão presentes a “teoria do consenso” e a “teoria da contradição”. Para o professor “na sociedade há interesses e poder que geram desigualdades e luta”. E essas duas forças – contradição e consenso – estão constantemente presentes nas disputas de espaços de poder.

Discorrendo sobre como se comportam as estruturas dentro da sociedade, Lemos Filho questionou a forma como a Universidade pode se inserir dentro da sociedade: de forma burocratizada/institucionalizada ou conectada com as transformações da sociedade. As duas formas são legítimas, mas só a última forma apresenta espaços mais democráticos e interligados com as necessidades da sociedade.

O sociólogo falou que devemos falar em juventudes, no plural, respeitando no país os diferentes contextos geográfico, social, cultural, econômico, de gênero etc. A pluralidade que dá forma à sociedade deve ser compreendida e respeitada porque ela também molda a juventude ao longo do tempo, ou seja, no decorrer do processo histórico.

Lemos Filho destacou que “em todos os contextos de defesa de direitos do país a juventude esteve presente”. E nos últimos levantes não foi diferente, inclusive “puxando” grandes mobilizações como aquela contra o aumento das tarifas dos transportes públicos.

UNE e o movimento de resistência estudantil

O professor e sociólogo Augusto Petta narrou suas experiências mais marcantes no congresso da UNE (União Nacional dos Estudantes) e contou um pouco da sua trajetória política no movimento estudantil. Sua fala foi iniciada com um panorama da construção e fortalecimento dos movimentos estudantis no Brasil ao longo dos anos.

E ao resgatar a história dos golpes políticos ocorridos no país, o sociólogo descreveu o histórico 30ª Congresso da UNE realizado clandestinamente num sitio em Ibiúna. no Sul do Estado, em 12 de outubro de 1968, onde foram presos cerca de mil estudantes que participaram do movimento contra a ditadura.

O relato da experiência do professor demonstrou como a juventude da década de 1960 era idealista, politizada e com muita garra para mudar a sociedade desigual.

Petta discorreu ainda sobre as mudanças políticas e econômicas do país e como a juventude tem se inserido nas diversas lutas, principalmente nos momentos de “crises” econômica, política e social, daquele tempo até os dias atuais.

“Ao longo da vida eu fui entendendo que nós estamos numa sociedade capitalista. E que sociedade capitalista é sinônimo de exploração. Porque existe todo um mecanismo da sociedade que faz com que uma minoria mantenha o controle e explore uma grande maioria. Então, a grande maioria da população brasileira é explorada”,  ressaltou Petta.

Ele lamentou estar vivendo um novo golpe no país. Golpe que ele justifica que não é igual ao daquele tempo, Ditadura Militar, mas do parlamento, da mídia e do judiciário. “É um golpe de uma força política que se instalou no Brasil no ano passado e que vem numa sequência de fatos, de João Gullar até a presidenta Dilma”, criticou.

O professor conclamou a juventude a se unir à classe trabalhadora na luta por uma sociedade mais justa, mais humana e mais fraterna.

Estudantes reforçaram necessidade de “reaver” movimento estudantil local

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Estudantes aproveitam o encontro para refletir sobre os rumos do movimento estudantil na PUC-Campinas

Na plateia estavam presentes lideranças estudantis que apresentaram um breve panorama da situação da comunidade discente na PUC-Campinas. Conclamaram também os demais estudantes a integrarem as fileiras de luta para reconstrução do DCE e fortalecimento dos DA’s e CA’s da Universidade.

Nas falas presentes ficou evidente que a Greve Geral, de 28 de abril, foi um marco histórico na luta estudantil, por reunir em frente ao Pátio dos Leões estudantes, professores e técnicos de ensino que lutam por educação e direitos dentro e fora da Universidade. Mas também houve falas com críticas duras em relação aos políticos brasileiros e à ideologização/partidarização dos lideres estudantis.

Além de refletir sobre o papel da juventude, a aula pública também serviu para aglutinar os estudantes em torno de um projeto comum, auxiliando na interação entre os DA’s e CA’s dos campi da PUC-Campinas.

Para um estudante consultado sobre o encontro, a aula pública foi um espaço importante “para acumularmos forças e trocarmos experiências com os professores que por anos cerraram as fileiras do movimento estudantil lutando bravamente pelo nosso país”.

A Apropucc acredita que a história de vida e o peso político desses dois grandes mestres servem de inspiração para qualquer um que pretenda participar de um movimento de transformação da sociedade. “Nós entendemos que teoria e prática não devem estar dissociadas. Teoria e prática devem estar juntas. A teoria não é algo que nós encontramos apenas nos livros e teóricos ou estudamos nos cursos, mas ela se potencializa no debate e no diálogo com a própria realidade das pessoas de hoje e de ontem. Foi com esta intenção que nós nos propomos a realizar esse encontro”, justificou a diretora da entidade.

A aula pública atingiu seu objetivo de buscar ampliar o diálogo entre os jovens e refletir também sobre o papel deles diante desse contexto histórico de ruptura de valore, golpe político e econômico e busca pela manutenção dos direitos sociais e trabalhistas.

A aula foi organizada pela Apropucc em parceira com o Centro  Nacional de Estudos Sindicais e do Trabalho. Para assistir a íntegra do conteúdo acesse nosso canal no Youtube, clique aqui.

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